Quando entrei para a Finame, em 07/01/1980 fiquei lotada na área de Recursos Humanos, com a parte de Recrutamento e Seleção, Treinamento e participei da implantação do Sistema de Avaliação de Desempenho.
Se alguém me dissesse que eu iria ser, um dia, presidente da Associação de Funcionários da Finame, eu iria dizer que a pessoa estava alucinando… Mas os anos se passaram e por uma questão de coerência com minhas palavras, acabei realizando o mais improvável. Explico:
Eu assistia às reuniões do grupo que montava uma chapa para concorrer às eleições para AFF, apenas como ouvinte, esperando um colega que após o expediente tocava piano no bar do Hotel Nacional e como eu morava na Barra, dava carona para ele. Após várias reuniões vi que ninguém queria ser o cabeça da chapa e acabei me intrometendo e disse que alguém tinha que colocar a cara na janela, tinha que assumir, tinha que acabar o jogo de empurra, ao que me responderam, com certa impaciência, “Então porque você não assume?” Fiquei boquiaberta, mas achei que tinha que ser coerente. E topei achando que não havia a menor hipótese de ganhar as eleições. Mas ganhei e soube que fizeram até apostas que eu não duraria um semestre sequer…
Fui apresentada ao Adilson Vianna que já era presidente da AFBNDESPAR e com ele aprendi tudo que precisava para exercer o cargo.
A Finame ainda usava Relógio de Ponto. Muitos benefícios que os empregados do Banco e até mesmo a BNDESPAR já conseguira, nós não tínhamos.
Então chegou a primeira data base e consequentemente a primeira Negociação Coletiva. Fizemos a pauta de reivindicações e nada aconteceu até que soubemos que a Diretoria havia recebido um Telex (é… somos da época do telex…) de Brasília dizendo que não podiam avaliar as reivindicações por já ter passado do prazo legal para fazê-lo. E a Diretoria, talvez para não esfriar a motivação e dedicação dos empregados da Finame que trabalhavam loucamente na análise de pedidos de financiamento para Pequena e Média Empresa que abarrotavam as salas, já que estávamos no auge do Plano Cruzado e os investimentos nessa área era monumental, ou talvez por despreparo mesmo para negociar, já que era a primeira vez para todos, não comunicou à Diretoria da AF o teor do telex. Aí convocamos uma AGE de emergência e na presença de praticamente todos os empregados da Finame, projetamos o telex na parede. Foi um momento totalmente emocional. Teve até choradeira e foi decidido que não negociaríamos mais com a Diretoria da Finame, mas diretamente com o Presidente do BNDES que na época era o Dr. André Franco Montoro Filho. Foi uma experiência terrível, inclusive para mim, que mantinha um ótimo relacionamento com os Diretores da Finame.
O Presidente então, após receber-nos em reunião, designou o Dr. Attílio Vivacqua, Diretor Administrativo da Finame para representá-lo, por conhecer mais a administração da Finame e depois das rodadas os ítens seriam discutidos com o Dr. Montoro.
Na primeira rodada, havia, entre muitos outros, um ítem sobre treinamento e como eu não era cedida à AF e atuava ainda na área de RH, incluindo treinamento, fui extremamente agredida com críticas pessoais por causa do ítem. Foi duro… Mas segurei a barra e após a rodada, já em casa chorei baldes…No dia seguinte, cheguei com os olhos inchados e Dr. Vivacqua que era uma pessoa educadíssima, humana e gentil, ficou sabendo e me chamou na sala dele para conversarmos.
Então ele me disse que ficara muito irritado por, eu sendo responsável por treinamento, estar fazendo críticas ao que existia até a data. Expliquei-lhe que o que era reivindicado era treinamento específico para que os empregados pudessem assumir cargos de mais responsabilidades, porque sempre que abria uma vaga, argumentavam que não havia empregados preparados para assumir. Acrescentei também que não podíamos misturar as atividades: uma Jane era empregada da Finame, com cargo técnico, atuando na área de RH e a outra era Presidente da AFFINAME e como tal ele iria ver-me defendendo com unhas e dentes até mesmo coisas contrárias ao meu pensamento, porque eu era apenas uma procuradora dos associados que haviam me eleito e que eu poderia, no máximo tentar expor meu modo de ver determinada situação, mas se fosse voto vencido, certamente eu defenderia com a mesma garra os desejos da maioria.
Este foi um grande aprendizado que a AF me proporcionou e que levei para a vida!
Estar a frente da AF por tantos anos não foi minha escolha. Muitas vezes quis sair, mas os colegas não deixavam… Hoje sei que outros poderiam ter feito coisas novas e melhores.
Mas tenho a tranquilidade de ter feito o melhor que pude e sempre com muito amor.
Desejo a nova Diretoria muito sucesso e que mantenham a mente aberta para o aprendizado diário que a AF proporciona.