Sobre o livro “O ovo de Colombo do Plano Real”
Trinta anos após o lançamento do Real, em 1994, o engenheiro civil, mestre em Administração e gerente aposentado da BNDESPAR, Claudio Braga de Abreu e Silva, de 75 anos, dá a sua versão sobre as suas contribuições para a formulação do Plano Real, mediante o seu livro “O Ovo de Colombo do Plano Real”, que terá o seu pré-lançamento para o Sistema BNDES na próxima 2ª-feira, dia 11/11, às 12h00, no Cafuné, café localizado no térreo do EDSERJ.
A obra traz o relato do autor e a documentação completa relacionada ao seu estudo, denominado “A Indexação Diária Negociada”, de 31/08/1993, que, pioneiramente, propôs: a) criar um indexador cambial diário, que, após alinhar preços e salários, se transformaria na nova moeda forte nacional; b) fazer tudo isto em etapas, de forma transparente e anunciada, sem quebra de contratos e sem congelamento de preços e salários. O indexador proposto pelo autor, denominado Cruzeiro Cambial, guarda grande semelhança com a URV (Unidade Real de Valor), que foi considerada por integrantes da equipe econômica de FHC como sendo o ovo de Colombo do plano.
O estudo do autor, que é sobrinho do escritor Rubem Braga, nasceu a partir de uma promessa feita por ele a Hebert de Souza, o Betinho, que tinha acabado de criar a Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida e veio, em maio/1993, ao BNDES pedir às suas Associações de Funcionários apoio à sua campanha.
O livro mostra que, de setembro a dezembro de 1993, o trabalho “A Indexação Diária Negociada”, com propostas que inexistiam no meio acadêmico, foi enviado, com apoio da AFBNDESPAR, de forma suprapartidária e supraclassista, para 200 autoridades, entidades e pessoas influentes, inclusive para o presidente Itamar Franco e para seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e para sua equipe econômica; e a partir daí, começaram a sair na imprensa notícias com ideias semelhantes às propostas no trabalho de Claudio.
O trabalho tinha como subtítulo “Contra o veneno da cobra, só o próprio veneno da cobra”. Por duas vezes, em entrevista às revistas Exame e Veja, integrantes da equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso, e ele próprio, em seu livro “A Arte da Política”, usaram tal ideia para definir como seria feito o Plano Real: primeiro indexar tudo para depois desindexar; ou seja: usar o próprio veneno para curar.
Após 30 anos, uma pergunta continua sem resposta: afinal, como surgiu a URV? O autor acredita, fundamentado nos fatos mostrados no seu livro, que foi com base no seu Cruzeiro Cambial, mas deixa para o leitor decidir.